Foi há dez anos. Eu estava na praia, de frente para o mar, quando enfim dei por mim que eu não poderia passar a vida enfiado dentro de uma empresa, administrando sabe-se lá o quê ou onde, ali, eu decidi que iria largar o curso de Administração de Empresas, em seguida iria partir para Londres. Não sei por qual razão, assim tão especial, escolhi Londres. Normalmente comigo é assim, entre inúmeras possibilidades eu escolho uma. Poderia ter sido Dubai ou Tóquio, mas foi Londres, um dia eu acordei aqui, em Fortaleza e fui dormir em Londres, Inglaterra, onde passei exatamente um ano.
Aqui era verão e lá era inverno, eu estava acostumado a ver o sol diariamente e lá, em Londres, raramente ele surgia, pelo menos naqueles primeiros dias de inverno, frio, escuro... Chego no aeroporto de Gatwick às nove horas da manhã em ponto, mas o sol ainda não surgiu, está muito, muito frio e tudo parece revestido por uma fina camada de gêlo, o cinza predomina na paisagem. Cinzento, escuro e frio = Londres. O que é eu tô fazendo aqui?!
Só fui descobrir dez anos depois.
Voltando ao passado...
Tomo o trem em direção ao centro da cidade, são aproximadamente 45min até a estação de Victoria (Victoria Station), aporto bem no coração da Rainha. De lá, sigo numa black cab, um autêntico táxi londrino, em direção a casa da família que me hospedaria no primeiro mês. Ao chegar, descubro que a família era composta por um casal de sexagenários - Mr. Robert and Mrs. Clara. Eles não tinham filhos, mas tinham coelhos, eram vinte e três no total, predominantemente brancos, mas haviam também os cinza-claros e escuros, espalhados pelo jardim e com livre acesso à casa. Além da ninhada, haviam mais coelhos em gravuras, estampados em calendários, esculturas, dezenas de peças decorativas - abajures, velas, almofadas - todas com o desenho ou no formato do bichinho de orelhas compridas. Eu estava em Londres e na terra dos coelhos.
- Hi, my name is Francisco.
Um comentário:
vou repensar...
preciso ir pra londres...
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