ETERNA MAGIA


A novela Eterna Magia está no ar há quase dois meses, mas ainda não obteve o resultado esperado pela alta cúpula global. Aliás, está aquém do esperado. O público não aprovou o tema da Magia, é o que dizem as pesquisas. Como conseqüência, a audiência vem despencando desde a estreia, quando obteve uma média de 30 pontos, para estacionar na casa dos 25 pontos, tendo atingido no último sábado (31.6) inéditos 19,7 pontos. O número de anunciantes também caiu, passaram de 58 na primeira semana para 37 nas mais recentes. Por conta disso, a novela já chegou a ir ao ar com dois intervalos somente.

Quando isso acontece é um Deus nos Acuda para atores, para o diretor e principalmente - para o autor. Os atores já entram na novela sabendo do risco que correm, de repente, a qualquer hora, a personagem pode se transformar: o trágico vira cômico, quem é mocinho pode tornar-se vilão e qualquer um deles poderá ser "assassinado". O diretor, desde o começo sabe, se algo der errado, é ele quem "perde a cabeça" primeiro que os demais. E o autor sofre ao ter que alterar a trajetória das personagens no enredo para que elas se adequem ao gosto da audiência.

A autora Elisabeth Jhin é a "bola da vez", que em sua estréia solo provavelmente deve ter se perguntado: “O que eu tô fazendo aqui?” Elisabeth já havia sido co-autora de Antonio Calmon em Começar de Novo e colaboradora de grandes autores da casa, entre eles Aguinaldo Silva e Manoel Carlos.

É lamentável o que vem acontecendo com a atual novela das seis, pois a magia é um tema com infinitas possibilidades de interpretação (a vida em si é uma eterna magia), que poderia ser amplamente explorado, se não fosse a mentalidade ultrapassada de grande parte da população brasileira - predominantemente católica-, que ainda confunde magia com bruxaria. E também porque o preconceito por outras crenças ainda existe, ainda que velado.

Nessas últimas semanas foram feitos alguns “ajustes de rota” - como são mais conhecidas as mudanças no enredo - na tentativa de resgatar os telespectadores que migraram para outros canais: a linguagem teatral enfim cedeu lugar à linguagem televisiva, afinal teatro é teatro, tv é tv! O texto passou por algumas modificações, um exemplo, não se fala mais em bruxas em Serranias, lugar que no início da trama era conhecido como “Cidade das Bruxas” e tinha até um museu dedicado ao tema. A iluminação perdeu a sobriedade, está mais clara. O tema de abertura ‘Concerto nº 2’, de Rachmaninoff, foi substituído pela voz de Sidney Magal cantando “Nada Além”! Mas e a dança tradicional Irlandesa?! Foi trocada por imagens de Nina-Conrado-Eva, numa tentativa de dar ênfase ao triângulo amoroso. Assim, quem sabe, a dona de casa corre para a frente da tv, teleguiada pela voz de Sidney Magal. Pelo menos é nisso que acredita a Rede Globo.

E ainda está para chegar a Serranias, Thiago Rodrigues, que vai disputar o coração de Nina com Conrado e Cauã Raymond (mas isso já estava previsto, desde o início). Bem, romance ao que parece, não vai faltar. Mas o futuro da trama, ao telespectador pertence, é o telespectador quem sempre acaba decidindo o gran finale, embora, nem sempre, ele seja feliz para todos.

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