A FAVORITA - DEPOIS DO "FIM"


Quem nunca se pegou divagando sobre o que teria ocorrido com a mocinha e com os demais personagens da novela depois de surgir a palavra "fim" na tela? E quanto ao destino do vilão, que se não morreu no último capítulo, foi parar atrás das grades? Este parece ter sido o mote para a trama de João Emanuel Carneiro, que estréia no horário nobre da Rede Globo, com uma trama surpreendente e inovadora.

Flora (Patrícia Pillar) iniciou a novela saíndo da cadeia, com uma postura humilhada, usando roupas simples e cheia de lágrimas nos olhos, após cumprir uma pena de 18 anos por um crime que jurava não ter cometido. Ela acusava Donatela (Cláudia Raia), que parecia ser a grande vilã da estória e tinha tudo para receber este título - poderosa, em cima do salto, com um ar arrogante, bem distante do esteriótipo da clássica mocinha "certinha" da teledramaturgia. Mas, em pouco mais de 2 meses a novela surpreende ao inverter os papéis das protagonistas e revelar a grande vilã do enredo - Flora, que realmente assassinara Marcelo, porque este preferira Donatela. Ela clama por vingança, e com a ajuda de Silveirinha e Dodi, seu ex-marido e também ex-marido de Donatela, articula um plano contra aqueles que a condenaram. Eis que então surge na telinha o clássico folhetim, que em muito lembra as saudosas tramas de Janete Clair e Ivani Ribeiro.

Os críticos reclamam da atuação de claudia Raia, Mariana Ximenez e Murilo Benício, na falta do que falar ou por puro hábito de reclamar dos folhetins, principalmente os globais. Uma simples constatação de que, para variar, não entendem do assunto e preferem fazer coro com os "reclamões" de plantão. Claudia Raia mais uma vez dá um show de interpretação, apesar de que, nesse ponto de sua carreira - ela também canta e dança - a estrela se sobressai a atriz; Mariana Ximenez convence como sempre faz com as personagens sofridas que costuma encarnar e Murílo Benício vive mais um de seus "tipos", com uma brilhante contrução de corpo e voz. Patrícia Pillar, interpretando sua primeira vilã, surpreende como a assassina serial (até o final da novela ela eliminará quem descobrir a verdade), mas confesso, achei que ela poderia ter sido mais sutil após revelar-se (seu olhar, gestos e fala mudaram totalmente depois que ela assumiu a face assassina para os telespectadores), mas esta é uma falha mais do diretor do que da atriz.

A audiência reclamou da ambigüidade das personagens principais, pois ficou difícil para o telespectador torcer ou sofrer pela mocinha, quando, na realidade, não se sabia quem era quem.

A Favorita é uma novela que começa pelo final da estória, quando a vilã sai da prisão, depois de pagar pelo seu crime. É como se fosse uma parte II. É por isso que o autor disse recentemente numa entrevista que o seu folhetim inaugura o segundo ato nas novelas. E está para vir um terceiro, ele fala, que é quando finalmente os personagens da trama descobrem quem é Flora na verdade. Para os críticos de carteirinha: agora chega de reclamar e vamos assistir a uma das maiores inovações no gênero, e torcer pelo final feliz, se possível, da mocinha.

Abaixo, a cena da revelacão de quem matou?, normalmente feita no último capítulo:

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