KM 31


Vivo a vida como se eu estivesse numa auto-estrada. Uma rodovia larga, cheia de atalhos, que, às vezes se afunila deixando tudo escuro, mas logo consigo sair do túnel e de volta a luz se faz presente. Não é raro, é preciso parar para abastecer com o mais incomum e até o mais misturado dos combustíveis. Por vezes, ocorre uma combustão entre as substâncias e as chamas são inevitáveis, bem como a cicatriz que o fogo deixa depois de extinto, com muito suor e esforço de centenas, milhares de bombeiros e suas mangueiras vivas. Mas logo o carro está de volta a pista, flanando entre pontos de apoio e paradas necessárias para o sucesso da viagem. Com as constantes partidas e despedidas, é natural, chegar a saudade, somente permitida de ser observada pelo espelho retrovisor do carro, impossibilitado de dar a marcha ré. Nessa viagem, só o norte é possível, jamais o sul. Desviando entre leste e oeste, eu prefiro sempre a linha do meio, arriscando a minha vida como um equilibrista o faz sobre uma corda cruzando dois arranha-céus.

Ontem foi a minha colação de grau. Aos 31 anos cumpro mais uma etapa desse roteiro de viagem sem prescrição. Agora é pisar no acelerador rumo a próxima parada necessária - sendo capaz de doar a minha própria vida por um ponto de apoio. Quem sabe no Km 42.

Nenhum comentário: